segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

CARLOS NERI


Carlos Américo Neri Serra

Nasceu em Fortaleza em 21 de novembro de 1964, em meio ao golpe militar. Seu pai, médico fisiologista e militante de esquerda, estava preso no exército do Ceará. É o oitavo de nove irmãos. Viveu no Ceará até os 04 anos de idade, quando a família teve que se exilar, indo para Mogi das Cruzes, São Paulo, em 1969. A mãe era dona de casa e poetisa.
Embora tenha saído do Ceará aos 04 anos de idade, o berço de sua infância foi Fortaleza, a cidade que moldou a sua vida, o seu jeito de ser. Aprendeu a ler e escrever aos 03 anos de idade. Entrou na escola aos cinco anos, em Mogi das Cruzes, nesse período já havia definido dois caminhos para a sua vida, ou ia ser artista ou físico nuclear. Estudou para as duas coisas. Já fazia poesia por influência de sua mãe. O avô paterno Lourival Serra, era músico, clarinetista e saxofonista de orquestra. Dos nove irmãos, foi o único que herdou a arte - música, dança, teatro, literatura. Aos seis, sete anos já cantava na escola, o sonho era tocar piano. Mas o pai nunca permitiu que o filho fosse artista, achava que a arte não dava futuro pra ninguém.
Desde a infância no Ceará vivia envolto em arte. Aos oito anos, em Mogi das Cruzes, já fazia teatro na escola. A marca de Carlos Neri é a busca pelo conhecimento, aprofundava seus estudos em arte e física. Para ele, tudo é calculo, inclusive a arte, o desenho tem uma simetria, tem ângulo, perspectiva, tudo tem cálculo matemático. Também desenha e pinta. Seu primeiro grupo de teatro foi o da Escola Estadual Presidente Vargas, onde participou das peças, o Barquinho de Papel, de Maria Clara Machado e Tistu – O menino do Dedo Verde, baseado no livro de Maurice Druon. Aos 13 anos foi para o grupo TEM - Teatro Experimental Mogiano, onde participou do espetáculo O Auto da Compadecida, que ficou um ano em cartaz.
Nas aulas de educação musical, compunha, tocava flauta e usava a música para criar coreografia. Nos tempos da discoteca, se envolve com a dança, nas discotecas de Mogi das Cruzes. Recebe convites para as Academia Regina de Balé e Academia Tânia Macário, onde começa a dançar balé clássico. Dança balé clássico até os 19 anos, quando sofre um acidente e para de dançar.
Todas as escolas onde estudou tinham espaços para a arte, tinham bons teatros. Da quinta a sétima série vai para a Escola Industrial do Senai de Mogi das Cruzes, onde aprendeu marcenaria, elétrica, hidráulica, solda, desenho técnico arquitetônico e a esculpir em madeira. A escola também tinha um teatro, com caixa cênica perfeita, iluminação, áudio e mesa de som.
Ainda no Estado de São Paulo, foi modelo dos 13 aos 20 anos. Aos 18 fundou uma companhia de dança Corpo de Baile Novo Independente, onde aliava dança e teatro, produzia operetas. Nesse grupo também escrevia as histórias, montava texto e cenário. Com o Corpo de Baile Independente trouxe um grupo de dança de rua da periferia de Mogi para o centro da cidade, para compor o Corpo de Baile, juntando as operetas de balé, clássico, jazz e afro com a dança de rua.
Aos 22 anos foi para o grupo Grumont, também em Mogi das Cruzes, onde passou dois anos com o espetáculo O Divã, onde fez atuação, adaptação e direção. Circulou com o espetáculo pelos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Fez diversos cursos e oficinas de teatro. Estudou com Gianfrancesco Guarnieri, Paulo Goulart e Emilio Fontana, além de participar de festivais de teatro.
Mas quando não conseguiu, por questões familiares, ir para a universidade fazer o curso de física nuclear, decidiu pela arte e foi para São Paulo, capital, trabalhar com teatro. Depois volta para o Ceará em 1986, para participar de um projeto, que comemorava o cinqüentenário da morte de Frederico Garcia Lorca. Foi criado, em Fortaleza, o grupo de teatro A Cigania Luzidia que se apresentava nas praças de Fortaleza, adaptações de Bodas de Sangue, até chegar à Praça José de Alencar, ao Teatro José de Alencar, onde foi apresentado o espetáculo no palco. Nesse grupo participou como ator, cenógrafo e coreógrafo e nesse período voltou a dançar, estudou sapateado hispânico e dança flamenca, no grupo de tradições cearenses. Participou também de um grupo de dança contemporânea, fazendo intervenções na rua.
Também em Fortaleza cantava MPB, nos bares à noite. Tinha uma banda cover de Legião Urbana e continuava atuando, fazendo publicidade, direção de comerciais para televisão, no varejo e institucionais, na agência Terraço. Através dessa agência prestou serviço em vários estados brasileiros. Também era membro do sindicato dos artesãos do Ceará, produzia em xilogravura e barro, e fazia pequenas esculturas representando o cotidiano de famílias nordestinas, especialmente o retirante.
Em 1987 participa também do projeto Rodo Teatro Mambembe, de Brasília. O teatro, em um carro Kombi, percorreu 186 cidades do Oiapoque ao Chuí.
Volta para Fortaleza, em 1989, estuda teatro na Universidade Federal do Ceará e se forma em artes cênicas. Fica no Ceará até 1992. Nesse período intercala trabalhos por todo o Brasil, tendo seu ponto de apoio, Fortaleza. Em 1990, faz no Rio de Janeiro, O Belo Indiferente, de Jean Cocteau.
Em 1993 muda-se para o Tocantins, levando consigo apenas seu portfólio e algumas gravuras. De início não se envolveu com arte, mas com política. Foi líder da juventude tucana no estado. Entre 1994 e 1995 envolve-se com produção cultural, quando vai trabalhar na prefeitura de Palmas, na gestão de Eduardo Siqueira Campos. Trabalhou com palhaçaria, teatro de rua, participou do projeto viver, junto com o Palhaço Tintin, um dos pioneiros de Palmas e Erdilês Paiva, ator e carnavalesco, fazia show, peças, gague de circo, palhaçaria e esquete circense. Fez também um vernissage, em 1994 em Palmas, onde juntou música, pintura e teatro, usando a técnica do pontilhismo.
Em 1996, por questões políticas, deixa o Tocantins, retorna para o Ceará e depois para São Paulo, de onde vai para diversos estados como Pernambuco, Rio de Janeiro, Bahia e Paraná. Em 2000, volta para Mogi das Cruzes, onde trabalha com campanhas políticas e na prefeitura de Mogi das Cruzes, desenvolvendo trabalho, como prestador de serviço, nas secretarias de cultura, turismo e agricultura. Trabalhou nessas três áreas ao mesmo tempo.
Na secretaria da cultura foi responsável pela realização de festivais de arte. De 2005 a 2007 montou onze festivais de nível nacional realizados anualmente, abarcando todas as linguagens artísticas. Paralelo ao trabalho com os festivais desenvolveu dezenove monólogos para experimentar linguagens corporal, da fala, da técnica do gramelô. Nesse período construiu personagens que ainda hoje o acompanham – o clown, o palhaço. Estudou profundamente o palhaço, o clown, a diferença entre estes, o tradicional e o clown moderno, o palhaço moderno mais sofisticado.
Neri era exímio conhecedor da região da serra do mar, conhecia todo o potencial turístico que a região podia oferecer, nesse período fez o mapeamento turístico do município. Adora mato, é trilheiro, guia mateiro, quando não estava no palco estava no meio do mato, fazendo trilha, ajudando os ribeirinhos, os camponeses.
Na área da agricultura participou do Programa Nacional de Meio Ambiente PNMA II para a recomposição de mata ciliar da serra do mar e alto Tietê cabeceiras.
Em 2008, retornou novamente para o Tocantins, com o intuito de fazer circo. Veio focado nessa idéia. Para ele o circo aglutina todos os segmentos da arte, dentro da lona se excuta todas as artes. Tem música, dança, interpretação, artes plásticas e artes visuais. Para ele lugar melhor não há para desenvolver todas as suas habilidades e aptidões dentro da arte, essa viagem lúdica da criança. O que mais pega é o palhaço, que nada mais é do que uma criança brincando no seu universo. O circo, segundo ele, aglutina todas as coisas que já produziu, que teve a oportunidade de aprender, no decorrer dos seus quarenta anos de estrada.
Em julho de 2008, funda a Companhia Aleatorium Circus e passa a fazer trabalhos para o estado e a iniciativa privada. Atualmente tem uma lona de circo em parceria com uma família tradicional de circo, que vive no Tocantins, em Porto Nacional. Luta para que a legislação relativa ao trabalho dos artistas circenses seja cumprida, que esses artistas sejam reconhecidos como profissionais da arte, que tenham sua aposentadoria pelo INSS, o seu direito ao voto garantido, porque embora itinerante, o artista circense tem a sua casa, que é o circo, a sua residência fixa, o circo é que se desloca, realizando uma de suas magias que é levar entretenimento e arte para quem não tem condição de ir a uma grande casa de espetáculo.
Neri se auto intitula andarilho, para ele, teatro de rua tem tudo a vê com circo porque é uma coisa alegre, cigana também, coisa de andarilho. Gosta de teatro de rua, porque lhe permite estar perto do público, interagir com o povo, numa empatia gratuita onde as pessoas estão ali de forma espontânea. A arte, para ele, lhe permite despachar os problemas, porque a arte lhe ambienta em um espaço que ele conhece. Preocupa-se com o aqui e o agora, o aqui e agora desse ambiente, o amanhã não lhe interessa. Para ele o mais importante na vida é o conhecimento e é isso que procura passar para seus alunos nos cursos e oficinas de arte que ministra, para ele, sem conhecimento o ser não evolui, não se liberta. Neri sempre buscou o conhecimento de forma global, entender das diversas áreas. No Tocantins começou também a fazer o curso de Tecnologia da Informação na Universidade do Tocantins, abandou o curso em função de suas inúmeras viagens. Buscava na tecnologia da informação conhecimento para ajudar na sua arte circense, na construção de máquinas que quer construir para facilitar a sua vida como artista. A busca do conhecimento é o que lhe define.  
Carlos Neri é também membro titular do Conselho Municipal de Políticas Culturais de Palmas, na câmara setorial do Circo.



terça-feira, 8 de dezembro de 2015

OFICINA - PREPARAÇÃO DO ATOR PARA A COMÉDIA

Ministrada pelo ator, diretor, produtor de teatro Nival Correia, oficina: “preparação do ator para a comédia” foi mais das atividades do projeto “Arte nas Ruas de Arraias”. 















domingo, 6 de dezembro de 2015

ESPETÁCULO - PEDRA CANGA

Espetáculo realizado pelo ator, diretor e produtor de teatro Nival Correia. Á apresentação aconteceu no dia 28 de novembro na praça da igreja de Nossa Senhora dos Remédios, Arraias - TO